Caros irmãos, Sou um cristão evangélico. Chamo-me Luan Marçal. Venho, por este meio, inquirir os meus irmãos sobre certos conteúdos deste site. Vejo que é um domínio bem publicitado no meio evangélico e tem sido difundido como instrumento de evangelismo. E sem dúvida que tal empreendimento é louvável, pois, como cristão evangélico, conheço a urgência da Comissão, e também eu utilizo a internet para fazê-lo sempre que posso para a glória do nosso salvador, Jesus Cristo, e servir o seu Reino até ao Dia. Contudo, e como sabemos, para tal, temos que pregar o Evangelho que Paulo pregava, sendo que o apóstolo nos vedou de escutarmos outro. Devemos, pois, ser fiéis à proclamação apostólica do Evangelho, tal como declarado pela Igreja dos seus discípulos primeiros.
Apesar de a minha teologia ser calvinista e reconhecer o arminianismo apresentado no site conhecedeus.com, não vejo como profícuo e propositado discutir aqui e agora esses distintivos doutrinários, por muito importantes que sejam. Neste momento, preocupa-me muito mais um indício de certa doutrina que nem é aceite em comunidades evangélicas arminianas e - mais até - é completamente rejeitada e condenada (e
bem, devo acrescentar). Pois, se faço jus aos intentos do site, o seu propósito é providenciar um primeiro ponto de contacto com a fé cristã ao descrente e leigo. Assim sendo, não compreendo como a secção 'A Carta de Amor do Pai' possa fazer parte da vossa apresentação, devido ao seu conteúdo. Para ser franco - e não espero ser demasiado zeloso na minha exigência pela pureza bíblica - não concordo com a sobreposição de versículos da Palavra descontextualizados e deslocados do seu propósito; contudo, tudo isto não seria de maior urgência se não constasse, entre esses fragmentos, versículos que claramente são endereçados aos já santos, já regenerados, já justificados, já feitos filhos, escolhidos desde a fundação do mundo para a salvação que o Senhor providencia pela adopção em Cristo (Jo 17:23, 26; Rm 8:31, 32; II Cor 5:18.19; I Jo 3:1; 4:10; Ef 1:11-12; 3:14-15; Jo 1:12-13; Jer 1:4-5; 29:11; 31:3; 32:40, Sal 139:16, Mt 7:11, Sof 3:17; Êx 19:5; II Tes 2:16-17; II Cor 1:3-4, Sal 34:18; Is 40:11; Ap 21:4).
Ora, a Palavra diz-nos que quem ainda não veio ao arrependimento dos seus pecados e à fé no Evangelho - que é o vosso público-alvo - não pode ser descrito assim, mas, pelo contrário, são chamados 'filhos da ira' (Ef 2:3),'filhos da desobediência' (Ef 5:6; Col 3:6), 'filhos do Diabo' (I Jo 3:10), 'escravos do pecado' (Rm 6:17, 20), 'mortos nas suas transgressões' (Ef 2:1), 'inimigos de Deus' (Rm 5:10), etc, coisa que esta mesma secção nega ao frasear, num dos slides: 'Eu não estou distante nem zangado, mas sou a completa expressão do amor', ilustrando-o com I Jo 4:16, embora seja um versículo claramente exclusivo dos crentes ('E nós conhecemos, e cremos no amor que Deus nos tem...'); e, mais ainda, ignorando as imprecações, ira e fúria justa de Deus contra os pecadores não cobertos pelo sangue de Cristo (Naum 1:2). Contudo, a ortodoxia evangélica histórica sempre ensinou que Deus tem os seus filhos, mas nem todos os homens o são; sendo que alguns, nascendo do Espírito pela graça de Deus e por meio da fé, são adoptados em Cristo, o verdadeiro Filho, procendendo do Deus Pai, fazendo-se filhos espirituais e co-herdeiros com Jesus (Rm 8:14-17).
Todavia, considerar 'filhos de Deus' todos os homens é universalismo puro - e uma heresia terrível. Como pressuponho que não é este o credo dos autores de conhecerdeus.com, espero uma resposta que clarifique a
presença dessa secção e uma correcção, caso se justifique, pois confio que os meus irmãos sentem a mesma ou maior reverência pela verdade e que zelam por escapar ao erro.
Deus vos abençoe.
O vosso irmão, Luan Marçal.
Soli Deo Gloria!
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